A primeira semana de vacinação contra a Covid-19 para crianças de quatro anos (para as de três o início foi na última quinta-feira) teve baixa procura em Pelotas, na avaliação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Até sábado foram 677 imunizados nesta faixa etária, o que corresponde a 6,54% do total de crianças aptas a receberem o imunizante. A expectativa, no entanto, é que o movimento aumente nos próximos dias. Nesta segunda-feira (1°) pela manhã, mesmo com o dia nublado e frio, houve boa procura na Casa da Vacina, no Mercado Central. Mas é preciso mais, pois pelo registro do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos, considerando os nascimentos de 1º de julho de 2017 a 30 de junho de 2019, são 10,3 mil crianças pelotenses aptas a serem imunizadas.

A pequena Lavínia Nunes Guimarães, de quatro anos, é uma delas. A menina não estava muito à vontade para receber o "piquezinho", mas os pais Gabriel e Tais Guimarães a convenceram que seria importante estar protegida, também, para cuidar da irmã Milena, de cinco meses. Depois de apresentar toda a documentação exigida, foi a hora de tirar as várias camadas de roupa para Lavínia. Nos braços de Taís, a pequena foi imunizada e agora vai aguardar um mês para a segunda dose. "Ela pode ter alguma coisa?", quis saber Tais. A dúvida comum a muitos pais foi respondida com a informação da equipe: se houver alguma reação, o sintoma mais comum é um pouco de dor de cabeça.

Com três anos e onze meses, Bernardo da Rosa Fuentes aparentava mais segurança ao receber a dose. Esperou a mãe apresentar a documentação, assinar a ficha e tirar dois blusões e duas camisetas até ficar com o braço livre. "Não doeu nada", disse, antes de receber o certificado de coragem. Orgulho para a mãe, Dienifer da Rosa dos Santos, 26. Durante o inverno, segundo ela, o menino passou por algumas gripes e precisou usar medicamentos para tosse. "Acho que a vacina para as crianças deveria ser bem antes, por causa da escola, onde muitos vírus circulam", comentou.

Proteção a quadros graves
A alergista e imunologista pediátrica Camila Vogel explica que as vacinas contra Covid-19 nas crianças, assim como na população adulta, têm como objetivo proteger contra formas graves da doença, reduzindo a necessidade de uso de oxigênio e, até mesmo, de hospitalizações. "Além disso, a imunização da sociedade, como um todo, minimiza o surgimento de novas variantes do Covid-19 e permite que, a longo prazo, se alcance a imunidade de rebanho."

A especialista explica que o imunizante protege apenas contra o coronavírus. "Não tem influência contra os demais vírus e bactérias que comumente acometem crianças nessa faixa etária. A sazonalidade favorece o desenvolvimento de infecções respiratórias e, por isso, é muito importante que as famílias mantenham todo o calendário vacinal de suas crianças em dia", ressalta.

Proximidade das escolas
A diretora de Vigilância em Saúde, Aline Machado da Silva, reforça que a campanha segue da mesma forma que ocorreu com os demais grupos e que essas crianças e as imunossuprimidas, assim como os pequenos de outras faixas etárias já atendidas, também podem ser levadas aos pontos de vacinação para realizar as aplicações. "Além das vacinas para crianças a partir de três anos, também estão disponíveis imunizantes para a quarta dose de pessoas com 40 anos ou mais. Estamos trabalhando com algumas estratégias para alcançar o público infantil principalmente, que é colocar o Trailer da Vacina, que é itinerante, próximo a escolas para facilitar aos pais a imunização", destaca a diretora.

Doses em atraso
Conforme o último levantamento da Secretaria Estadual da Saúde, desta segunda, e enviado aos municípios, o maior número de vacinas em atraso em Pelotas é o do público apto a receber a quarta dose da proteção contra a Covid-19, em sua maioria adultos com 40 anos ou mais. Nesse grupo estão aproximadamente 79 mil pessoas que ainda não procuraram os pontos de vacinação disponibilizados pela prefeitura.